Diretor detona gramados sintéticos e pede debate no Brasil

Alvo de polêmicas no futebol brasileiro, o uso gramado sintético foi criticado dessa vez por um importante dirigente do São Paulo.

Por Melissa Lima em 12/10/2023, às 08:10

Com o aumento dos estádios com gramados sintéticos no Brasil, a polêmica acerca deles também cresceu; o diretor de futebol do São Paulo, Carlos Belmonte, não poupou críticas a essa tendência.

O São Paulo chegou a cogitar construir um campo em seu CT com um piso do tipo, mas mudou de ideia. O clube agora quer levantar um debate sobre a utilização do material no Brasil.

Assim como Galoppo, o diretor de futebol do São Paulo não concorda com o uso deliberado de gramados sintéticos

Diretor detona gramados sintéticos e pede debate no Brasil — Gramado sintético do Allianz Parque | Foto: Divulgação

O risco de lesões está no centro dessa discussão. Neste ano, o São Paulo viu atletas como Galoppo e Ferraresi sofrerem contusões gravíssimas em duelos no estádio do Palmeiras, onde utilizam o gramado sintético. O primeiro só deve voltar a campo ano que vem, enquanto o zagueiro voltou a ficar a disposição recentemente, mas não jogou ainda.

A gente tem conversado bastante aqui e isso mudou um pouco. Temos visto a quantidade de lesões que têm ocorrido nos campos sintéticos. A NFL, por exemplo, está no processo contrário, buscando diminuição dos campos sintéticos – afirmou Carlos Belmonte, diretor de futebol do São Paulo, em entrevista.

No começo da temporada, o São Paulo chegou a fazer orçamentos para instalação do material em um campo do CT. Os valores giravam em torno de R$ 5 milhões, mas a cúpula acabou descartando a ideia.

Na Série A, os estádios de Athletico-PR, Botafogo e Palmeiras são de grama artificial. Com o rival paulista, porém, o São Paulo firmou um acordo para mandar jogos no Allianz Parque quando o Morumbi estiver ocupado por eventos.

Para o dirigente do Tricolor, a questão dos gramados sintéticos precisa entrar em discussão com mais frequência.

Achamos que tem que ser ao menos rediscutida essa questão no futebol. Vivemos em um país tropical. É fundamental que a gente estude a possibilidade de ter no Brasil só campos de grama ou, no mínimo, campos híbridos, como é o do Corinthians.

Belmonte disse que não vai começar uma campanha sobre o assunto, mas quer que a questão seja pauta entre os clubes.

É uma opinião pessoal minha, do departamento de futebol. E claro que já conversei sobre o tema com o presidente Júlio (Casares). Não vamos encampar uma campanha, seria deselegante com os times que têm campo sintético, mas é uma questão que colocamos para análise.

Recentemente, Galoppo, que se machucou ao jogar num desses gramados, também criticou o método. Para ele, o piso é inadequado e não deveria ser aceito na primeira divisão do futebol.

Não sou a favor que os times da primeira divisão tenham sintéticos. A grande maioria dos campos é de grama natural, e a grama sintética faz a diferença a favor do time local. Além disso, o sintético do Palmeiras está muito desgastado e a bola passa muito rápido. Parece um daqueles sintéticos para jogar futebol de 5. Não é fácil jogar nesse tipo de campo.

Em virtude dessa lesão, o jogador só entrou em campo pelo Campeonato Paulista, e ainda assim seguiu como artilheiro da equipe por boa parte do ano.